sexta-feira, 6 de novembro de 2009

AQUELE DO 'NÃO-MENAGE COM O MICKEY E A MINIIE'* (ORLANDO)

A primeira vez que eu fui a Orlando eu tinha 16 anos. Não vou fazer divagações filosóficas sobre aquele período obscuro da minha vida e também não vou me ater ao significado que aquela viagem teve pra mim, a questão não é exatamente essa. Só pra dizer que essa não foi a minha primeira vez lá e talvez isso seja útil para pautar alguns comentários que farei logo adiante.

A idéia era ir para Nova York, descer alguns dias em Orlando e fechar com chave de ouro em Miami. NOOOOOOOOT! Passagens compradas, e lá pelas tantas, meu jovem companheiro e eu decidimos ir somente para Orlando, devido a crise financeira que se estabelecia (não nos EUA necessariamente, mas sim nas nossas contas bancárias). Dessa forma, devolvemos as passagens compradas anteriormente e compramos novas, fechamos o hotel, e tudo certo.

Assim, tudo certo NADA, porque desde então a vida se tornou um caos. Trocentas mil coisas para acertar, mil dúvidas na cabeça e praticamente todos os dias pensávamos em desistir. (O que não é a vida sem um bom DRAMA, não é mesmo?).

Finalmente o dia chegou, e eu não sabia exatamente o que esperar de Orlando, já que eu sei lá o que acontece, mas memórias a longo prazo são bem inacessíveis na minha cabeça. Viagens internacionais são sempre estressantes, e nem a visita ao free-shop salva, até mesmo porque a ida não é hora de gastar. Me contentei com um mero pacote gigante de M&M's de amendoim com chocolate amargo, que devorei prontamente em poucos instantes e que me garantiu uma boa dor de barriga.

Classe economica, o inferno é ali! E o capeta toma diversas formas: as das crianças que insistem em chorar no meio do nada e que disparam a falar coisas sem sentido o tempo inteiro, a das pessoas mal educadas que esbarram em você toda vez em que se passam pelo corredor, de alguem que resolve lançar gases fétidos no ambiente despressurizado do avião, e por ai vai... Fora a decoração do inferno, que incluí poltronas desconfortáveis, falta de espaço total, comissários de bordo pavorosos! A sensação é de se estar abarrotado em um caminhão de galinhas, com a diferença de que cada assento conta com uma tela individual touchscreen onde é possível ver filmes, ouvir músicas (mariah, madonna inclusive) e jogar.

Brasília - Sao Paulo - Atlanta e finalmente, Orlando! Horas e mais horas dentro de aviões e aeroportos, que no final das contas acabam por testar a paciência dos mais calmos dos cidadões. Os nervosos enfartam, no mínimo!

Chegamos em Orlando, rolou o dilema do 'alugamos-ou-não-alugamos-um-carro?'. A resposta de imediato foi não, decidimos para procurarmos nas redondezas do hotel. Provavelmente seria mais barato. Nos enfiamos em um Shuffle e seguimos rumo ao hotel. O hotel não era exatamente um hotel, e sim um 'inn', que pra eles lá de fora, é considerado um motel. Motel não no sentido em que conhecemos aqui, mas sim, motel como um hotelzinho xexelento de beira de estrada, que as pessoas normalmente utilizam para passar a noite e seguirem viagem no dia seguinte.

A vantagem de ser 'menos favorecido financeiramente' é que o que as vezes é xexelento pra eles, pra nós é algo extremamente aceitável. E embora o 'Inn' que eu fiquei não seja o mais lindo do mundo, pelo menos atendia prontamente as questões: localização, conforto e limpeza. Quem precisa de mais? O único problema era o pessoal da limpeza que aparecia quando estavamos dormindo e com os quais não conseguiamos manter um diálogo. Aliás, a questão do idioma é bem engraçado por lá. A gente começa a falar em inglês, passa pelo espanhol e ás vezes ainda termina num português bem do safado.

Os parques! Os paaaaaaaarqueeeeeees! Sou altamente suspeito, amo parques de diversão e em particular adoro montanhas-russas e brinquedos que dão barato (que deixem a adrenalina lá em cima, além de enjoos ocasionais). Então eu literalmente era um pinto no lixo, ou melhor, um urubu num lixão! Porém a idade as vezes pesava, e já na parte da tarde eu deixava de achar os parques tão interessantes assim. Batia um tédio vontade de fazer compras, e eu acho que gastei mais dinheiro do que devia com ingressos dos parques.

Os parques da Universal (Universal e Islands of Adventure) foram os primeiros. Os gás tava total e eu tava louco da b*ceta para andar em tudo. Os mais recomendados foram a montanha-russa do Hulk, as dos dragões-azul-e-vermelho-que-parecem-que-vão-se-chocar, os brinquedos do homem aranha e da Múmia e a montanha russa dos Simpsons, que na verdade não é uma montanha russa de verdade, mas sim um simulador fantástico!

Engraçado como ao longo dos anos o foco muda. Nem lembro se eu reparava nisso quando fui a primeira vez, mas desta vez fiquei encantado com toda a riqueza de detalhes dos brinquedos, não só na atração em si, mas no caminho que você percorre até chegar a atração propriamente dita. Tudo ali é feito para que você não sinta o tempo passar enquanto está numa fila quilométrica: ar condicionado, filmes, ambientes temáticos e extremamente bem decorados. Por exemplo, ao longo da imensa fila para a montanha-russa dos simpsons, o percurso era coberto, havia ar condicionado, além de monitores enormes que exibiam desenhos dos simpsons, fora a decoração, tão perfeita que fazia com que você se sentisse dentro de um episódio dos simpsons. Enfim, a fila é um espetáculo a parte!

Resolvemos deixar os parques da Disney por último. Hollywood Studios, Animal Kingdom, Epcot Center e Magic Kingdon. Um sonhooooo! Porém estavam bem mais cheios que os parques da Universal, e consequentemente passavamos mais tempo nas filas. Fora que a quantidade de crianças era infinitamente maior (o que me perturbava um bocado). Dentre as atrações eu destaco a "torre-do-terror que despenca" do Hollywood, a montanha-russa "Everest" do Animal, o "Mission Space" do Epcot (que mesmo sendo um simulador me deixou com nauseas o dia inteiro) e o Magic Kingdom por inteiro por toda a magia e beleza (mesmo que em termos de atrações, eu ache ele o mais fraquinho de todos).

Não fomos ao Bush Gardens, o que foi uma pena, já que este sem dúvida seria o melhor de todos, afinal de contas, nada melhor do que um parque só de montanhas-russas para um aficcionado por montanhas-russas! Confesso que vários fatores pesaram: o fato de ser em outra cidade (e nem é tão longe assim), o dinheiro (sim, o ingresso custa caro) e a idade. Sim, a idade! Aos 16 eu competia com os garotos para ver quem andava mais vezes seguidas numa montanha-russa, e eu ganhei diversas vezes, porém desta vez, quando eu lembrava dos brinquedos, minhas pernas tremiam, meu coração acelerava e eu meio que inconscientemente boicotei nossa ida ao Bush Gardens... (Shame on it!)

Sea World... Well, eramos (ou melhor, estavamos) duas baleias, que graça teria ir ver mais? Bom, minhas lembranças do Sea World eram as mais entediantes possíveis, logo eu não fiz muita questão, embora eu tenha perdido a "Manta" que é uma montanha-russa nova que botaram por lá. Wet'n'Wild?? Nooooot. Parques aquáticos só com o corpo em dia, embora eu ficava louco toda vez que passava lá em frente por causa do clipe de "Se a vida é" dos Pet Shop Boys! Era capaz de eu entrar no parque e passar o dia chorando, emocionado, lembrando do clipe.

Orlando tem umas atrações bem bizarrinhas. Tipo, trocentas mil fazendas de crocodilos, onde vc pode chegar perto deles e alimentá-los (fui da primeira vez), além de campos de mini-golf (para se matar de tédio, e fui da primeira vez), o Ripley's Believe or Not (museuzinho interessante de bizarrices ao estilo do programa de tv 'acredite se quiser'), além de uma casa de cabeça pra baixo, que eu tbém fui e a única coisa que eu me lembro era de alguem derramando água e a água subia!

E não dá pra ficar sem Carro! Definitivamente, não dá! Na verdade não fiquei em Orlando, propriamente dita, e sim em Kissimmee, uma cidade que é colada em Orlando. A Disney fica em Kissimmee, e lá, nos arredores, até para ir ao supermercado precisava-se de um carro. Não haviam calçadas em todos os lugares, os lugares eram distantes um dos outros, e haviam espaços ermos entre eles, ou seja, a noite então, nem pensar em andar a pé. Fora que as atrações, embora pareçam perto nos mapas, na vida real, tudo é bem distante, e depender do transporte gratuito dos hotéis, faz com que vc fique preso e perca bastante tempo. Além disso, ter um carro é indispensável para as compras, fora o fato de dar close, dirigindo pelas maravilhosas estradas! Dirigir em Orlando é extremamente prazeiroso. Logo vc se orienta, as estradas são bem sinalizadas e conservadissímas e só nos perdemos uma vez, quando fomos para num lugar que aqui seria o equivalente a uma favela, mas logo nos orientamos e conseguimos retornar, e isso sem o auxílio de GPS!

Compras é sem dúvida um capítulo a parte (Urubu no lixão (2)!) Tudo é muito, mas muito, muito barato mesmo. Aliás, em Orlando não se faz outra coisa a não ser ir para os parques e fazer compras. É impossível se conter! Os Outlets são fantásticos, e é possível encontrar verdadeiras barganhas, como por exemplo um perfume do Calvin Klein, In2u Heat que custa R$ 259,00 por aqui, e que lá eu comprei por miséros U$ 19,00! Bom, eu não vou me estender no tópico "pechinchas" porque além de eu levar horas para falar de tudo, provavelmente tudo mundo ficará morrendo de inveja. Tenho planos de um dia voltar por lá somente para fazer compras e reviver os momentos de "orgasmos" que eu tive.

Comida é outra história. Enquanto em NY é quase impossível encontrar restaurantes do tipo 'buffet', Orlando é infestada de restaurantes do tipo "all you can eat", ou em bom e claro português "coma e beba refrigerante a vontade até morrer!". A comida não é lá essas coisas, o gosto tem um quê de 'industrializado' e tipo, tudo o que mais se deseja e voltar pra casa e comer 'comida caseira na birosca mais imunda do mundo'! Porém, o frango frito (minha paixão quando estou lá) não deixa de ser irresistível. Quando não é isso, as opções são inúmeras, e tudo se resume em Hamburguer, hamburguer, hamburguer, hamburguer, pizza e batata frita em porções gigantescas. Impossível não voltar com alguns quilos a mais, colesterol e triglicerídeos nas alturas. Uma opção mais saudável seria ir até o supermercado, e comprar frutinhas, sanduiches naturais, sucos e coisas do tipo. Mas claaaaro que não aconteceu! Eu ia religiosamente ao supermercado todos os dias, mas definitivamente, a única coisa que eu pensava em comprar era comidinha saudável (minto, num belo dia eu comprei um pêssego gigante e ruim pra caralho!).

Em outro dia, decidimos ir a praia, e fomos até St. Petersburgh, uma cidade logo após Tampa. Areia branquinha e fina como povilho, água azul e extremamente gelada, poucas pessoas na praia, e nada de farofa ou vendedores ambulantes, tudo limpo, quase asséptico, dá vontade de se limpar para sentar na areia. Um verdadeiro sonho, mas sei lá, ainda falta muito para se comparar as praias brasileiras. No último fim de semana fomos de carro para Miami (oye, mi cuerpo pide salsa!), para curtir mais praia e vida noturna.

Bom, de Miami eu entendo (as vezes me sinto em casa) e lá estavamos na minha amada South Beach (que por sinal me pareceu bem entediante nesta 3ª visita). Tivemos alguns problemas técnicos, praia de fato eu só aproveitei no último dia, fora que choveu tbém. Fomos a uma boate, ficamos empolgados e achavamos que eramos celebridades em meio aos americanos e turistas sem graça e cafonas. Arrasamos na vodca + suco de abacaxi e lá pelas duas da manhã, começaram a tocar uns hip hops e a pista esvaziou de uma hora pra outra. Ou seja, deram o toque de recolher, e eu fiquei lá, bancando o rapper com a mão nos bagos, curtindo pra caralho, acompanhado pelo cara da limpeza que varria o chão. Ainda passamos em uma outra boate, a caminho do hotel, que não cobrava entrada, logo dá pra imaginar a freguesia do ambiente. Bagaça total! Freak Show! Bom, nada contra, mas todo mundo meio que se apavorou e voltamos ao hotel (preciso lembrar que freak show por freak show, eu já vi coisas bem mais pavorosas por essas bandas!).

Voltamos a Orlando, os últimos momentos se resumiram a achar uma maneira de acomodar todas as tralhas em duas malas gigantescas e não pagar excesso de bagagem. Perdemos o vôo para Atlanta, pagamos mais grana, nos estressamos, corremos feitos dois loucos para não perdermos o vôo para o Rio. A viagem foi uma tragédia, o monitor de filmes, música e jogos da minha poltrona estava com defeito, logo eu quase enlouqueci e derrubei o avião, porque eu não conseguia me imaginar ali sem nada pra fazer durante horas de vôo. Rolou uma tensão básica na hora de passar pela alfândega (ufa, passei ileso com minhas muambas) e pra fechar com chave de ouro, o vôo para Brasília havia sido cancelado, o avião estava em manutenção e não sabiam exatamente que horas iriamos embarcar de volta. Enfim, cansativa, mas bem divertida. Menos de um mês se passou da minha volta, e eu já estou pensando em quando é que eu vou novamente.

P.S - O "não-menage" refere-se ao fato de que desta vez eu não tive a menor paciência de enfrentar fila para tirar fotos com o Mickey, com o Donald e afins. Infelizmente até hoje eu tenho que aguentar as pessoas perguntando "kd a foto com o Mickey?". Mas preciso confessar que eu fiquei emocionado quando vi todos eles lá de longe...

0 comentários: